quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Peru - Parte 3

Terceira e última parte sobre a minha viagem ao Peru. A viagem começou por Lima, capital do Peru, seguindo para Cuzco – principal cidade dos Incas – e arredores, Puno, cidade que beira o lago Titicaca. De lá seguimos para Arequipa e em seguida Nazca, Ica e de volta a Lima.


A cidade branca

Não, não é Gondor, mas Arequipa também é conhecida como a cidade branca. Isso é devido ao fato da cidade estar posicionada em uma região vulcânica, mais precisamente entre três vulcões (que ainda não estão extintos). A maioria das construções da cidade são feitas com pedras vulcânicas que têm cor branca, daí o nome.

Mas Arequipa é a segunda cidade mais populosa do Peru, atrás apenas de Lima, e como toda grande cidade, desfruta de uma melhor infra-estrutura, ams também possui problemas como trânsito e violência. Apesar de não termos passado por nenhum problema, é aconselhável mais cuidado à noite.

Historicamente, a região era ocupada pelo povo Aymara desde o quinto milênio antes de Cristo, até ser ocupada e anexada ao império Inca.

Um dos grandes achados arqueológicos encontra-se no museu da Universidad Catolica de Santa Maria, a múmia batizada de Juanita por seus descobridores. Encontrada congelada em meio às geleiras, a múmia dessa garota Inca de idade estimada entre 12 e 14 anos, é uma das múmias mais bem preservadas já encontradas. Juanita foi um sacrifício Inca feito à Montanha (as montanhas são deuses, lembram-se?), mas o motivo do sacrifício é um mistério.

Os Incas realizavam sacrifícios em nome dos deuses, para pedir chuvas, uma colheita fata etc. Pedidos simples exigiam sacrifícios simples como animais. O sacrifício de uma criança era algo extremamente importante e feito apenas em casos extremos como conter um vulcão em erupção que ameaçaria todo o povo.

Outra grande atração da cidade é o monastério de Santa Catalina, que ocupa uma área de 20.000 metros quadrados, fundado em 1579 e ainda lar de um grupo de freiras. Este, para visitar, é meio salgadinho: 30 soles, e infelizmente não consegui tempo para fazer a visita.


Nazca e Chauchilla

De Arequipa seguimos para Nazca. Essa pequena cidade localizada no meio do deserto possui aproximadamente 20.000 habitantes e, como a maioria das cidades peruanas, vive quase exclusivamente de turismo. A cultura Nazca e Cahuachi, que habitavam a região, sobreviveram até o século VIII d.C. antes mesmo do início do império Inca, mas deixaram uma herança cultural muito grande na cerâmica e tapeçaria.

É aberto para turistas um antigo sítio arqueológico, o cemitério de Chauchilla. Situado nos arredores da cidade, o cemitério tem conservadas múmias e tumbas escavadas e muito bem preservadas. Interessante que o clima seco e desértico preservou muito bem as múmias e os esqueletos a ponto de estes possuírem ainda intactos os cabelos, que não foram deteriorados. Assim foi possível perceber uma característica da cultura Nazca, o tamanho do cabelo definia a classe social de cada um.. quanto maior o comprimento da trança, maior seu status social.

Apesar da região de Nazca ser repleta de áreas de mineração e de ter prata facilmente encontrada, o que mais atrai pessoas (turistas) são as famosas Linhas de Nazca.

As linhas são geoglifos situados no meio do deserto feitos pelos Cahuachi e durante muito tempo.. aliás, até hoje não se sabe muito bem qual era a sua finalidade, mas a teoria mais aceita é que as linhas e desenhos são representações de constelações que marcavam um calendário religioso.

Calendário religioso ou ponto de pouso para ETs, as linhas são fenomenais. Para visualiza-las é preciso pegar um voo no aeroporto de Nazca. Os voos são agendados em qualquer agência de turismo e custam em torno de 100 soles. Meia hora no ar e quase um estômago para fora (aviões monomotores não pressurizados podem acabar com o seu café da manhã, portanto não vá de barriga cheia).

Das diversas figuras, as mais claras (e famosas) são o colibri, o macaco e a aranha, mas é possível identificar linhas e figuras geométricas em meio aos desenhos.


Ica

A próxima e última cidade que visitamos foi Ica. Há 2h de viagem de Nazca, ica é uma ciadade muit melhor preparada para turistas. Dica: melhor hopedarem-se em Ica e pegar um ônibus turístico para Nazca para fazer os passeios do que hospedar-se em Nazca e passear em Ica, como fizemos.

Em Ica foi possível visitar algumas adegas (ou Bodegas, como são conhecidas) de Pisco, ou destilado de uva. Sim, há degustação e depois de visitar (e degustar) 3 bodegas, dá pra sair trançando as pernas. A vantagem do destilado de uva é que pode ser feito com vários tipos de uva e em vários estágios de amadurecimento, o que garante uma variedade muito grande de Piscos. Aromatizados, puros, mesclados etc. Dá para perder o paladar antes de terminar de experimentar todos.


Mas em Ica, certamente a maior atração é Huacachina, um Oasis no meio do deserto. Hoje é mantido artificialmente para atrair turistas, mas não deixa de ser espetacular por isso.

De Ica, retornamos a Lima e depois, de volta ao Brasil. Essa é uma viagemq ue recomendo a qualquer pessoa fazer. Foram 13 dias tão ricos que pareciam dois meses. Apesar do pouco tempo, conseguimos ver e fotografar muita coisa. Dica: dá para se virar muito bem sem precisar de pacotes com aências de turismo, basta ser organizado e fazer um roteiro prévio. Quem estiver interessado em viajar e quiser algumas dicas ou perguntar alguma coisa, pode entrar em contato através dos comentários ou por e-mail.

Alguns Links interessantes:

http://www.walkoninn.com/

http://www.huacachina.com/

http://www.piscoesperu.com

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Peru - Parte 2

Há muito tempo, num continente muito muito distante... mais precisamente no continente asiático, tribos nômades da mongólia atravessaram o estreito de Bering e desceram pelo continente americano até chegarem no local que hoje é conhecido como Peru. Durante os séculos que passaram, as distinções entre as tribos e a miscigenação com povos que já habitavam a região deram origem a diversas culturas espalhadas pelo território peruano mas que mantinham algumas similaridades, entre elas a tecelagem e cerâmica.


Culturas Pré-Incas

Das mais famosas, Paracas, Chavín, Tiwanaku – que mais tarde dariam origem aos Uros e suas ilhas flutuantes – e os Huari, que deve ter sido a mais extensa.

As ilhas flutuantes que mencionei são ilhas artificiais criadas a partir da Totora, uma raiz que cresce no lago Titicaca. Os Uros, que habitam aquela região, para se pretegerem de predadores e ataques de tribs inimigas, à noite dormiam em barcos feitos de Totora. Com o tempo, os barcos foram se ligando uns aos outros até que eles perceberam que poderiam construir uma plataforma com essa raiz e assim as construções foram evoluindo e aumentado até hoje, onde uma ilha artifical pode abrigar 28 famílias.

As ilhas são construídas usando ma massa de raiz da Totora de 1,5m de altura como um tipo de bóia e a Totora seca sobreposta em cima da raiz para fazer um tipo de piso. Lá ainda se fala o Qechua, lingua indígena mais difundida no Peru, mas o Espanhol também é utilizado. Ir de uma ilha a outra em uma canoa de Totora é um passeio turístico que vale a pena e custa apenas 10 soles. Fica a recomendação aqui.


Os Incas

Por volta do ano 1200 d.C. uma das tribos, liderada por Manco Capac começou a expadir seu território a partir da região de Cusco. Com o anexo de diversas tribos à sua prória e a conquiesta de terras, o império Inca estava se estabelecendo e daria um salto gigantesco com Pachacuti, 9º dos 14 governantes que fizeram parte do império.

Os Incas eram um povo bastante religioso e divindades não faltavam. Cusco (ou Qosqo, em quechua) era o centro do império e como não podia deixar de ser, tinha vários templos em seus arredores. O “panteão” era dividido em três pontos: Reino dos Deuses, Reino dos Vivos e Reino dos Mortos. A trindade sempre estará presente na religiosidade Inca, como o Puma, o Condor e a Serpente ou o Sol, a Lua e a Serpente. Se alguém mencionar o templo das 3 ventanas em Machu Picchu, eu vou concordar que não é coincidência. Mas os deuses Incas não eram como os gregos ou nórdicos; eram o que os Incas consideravam sagrados: as montahas, os lagos e a terra, motivo pelo qual todas as montanhas no Peru têm um nome (sim, pessoal, Machu Picchu é o nome da MONTANHA aonde a cidade foi construída, assim como a montanha atrás dela chama-se Huayna Picchu). Surpresos? Eu também fiquei.

Falando em Machu Picchu, Quem for visitar o Peru vai notar que os guias sempre reforçam que os Incas aprendiam as técnicas de construção dos povos conquistados e aperfeiçoavam as deles e por isso é possível notar diversos estilos arquitetônicos lado a lado nas construções. Não pude deixar de lembrar desta matéria do Del Debbio no Teoria da Conspiração sobre as pirâmides e apesar de ele estar se referindo às pirâmides do Egito, a comparação é válida aqui também.

Dêem uma olhada na foto aí do lado. Uma perfeita construção que mescla um estilo rústico de construção, com pedras empilhadas e um outro estilo muito mais refinado, com cortes e encaixes mais precisos. Segundo os guias, eles empilhavam as pedras e quando aprenderam a talhar e polir, refinaram o método, certo? Então por que as pedras refinadas estão POR BAIXO das empilhadas? Há teorias que apontam que algumas construções (as mais refinadas) já estavam construídas no local por uma outra civilização mais antiga e os Incas ao se depararem com essas construções, fizeram uma “reforma” do seu jeito e completaram os pedaços faltando.

É possível notar também que todas as construções de paredes lisas e milimetricamente cortadas eram templos, as outras construções era mais rústicas, outra indicação de que as cidades Incas foram construídas ao redor de ruínas já presentes quando os Incas chegaram.


O Vale Sagrado

A região tem esse nome não por motivos religiosos, mas porque a área ao redor de Cusco é uma das regiões mais férteis do Peru. E como os Incas eram um povo que viviam da agricultura, aquele solo se tornou sagrado para eles por ser um grande fornecedor de alimento. A região montanhosa permite o plantio desde a base até quase o topo e a diferença de temperatura e ambiente causada pela altura faz com que em cada parte da montanha, seja colhido um tipo diferente de milho, mesmo sendo plantada a mesma semente. Já foram catalogados mais de 32 tipos de milho naquela região (dica: não deixem de tomar a “chicha morada” um suco de milho roxo, muito bom!)

As ruínas que visitei no Vale Sagrado foram Sacsayhuamán, Puka Pukara, Q’enqo – templo do Puma e onde realizavam-se sacrifícios e funerais, Tambomachay – templo da água, onde ninguém sabe de onde vem a água que vem do aqueduto construído, Ollantaytambo – forte do general Ollatay e Pisac.

Machu Picchu é quase impossível de ser descrita na mesma sensação que se tem ao visitar. Foi algo como "Indiana Jones encontrando a Arca Perdida". Na falta de palavra melhor, é f***. A cidade inteira foi projetada e planejada. É possível ver as divisões de onde era a área rural, os muros da cidade que separam os camponeses da elite (como um feudo mesmo), os templos e habitações. Imagino qual foi a reação de Hiram Binghan, historiador inglês que decobriu a cidade tomada pela vegetação em 1911. Para terminar, os Incas foram dizimados pelos espanhóis liderados por Francisco Pizarro em 1532, torando o Peru uma das colônias espanholas (sim, euq ueria falar bem mais, mas o espaço quase não tá dando e deve ter gente dormindo já com a aula de história).

Para quem pretende ir, para chegar a Macu Picchu, pode-se ir de trem (precisa comprar a passagem em Cusco e tomar o trem em Poroy, uma cidadezinha nos arredores. A viage demora 3 horas e tem uma parada em Ollantaytambo (45 km de Cusco, metade do caminho) até Águas Calientes, uma cidade situada na base de Machu Picchu, aonde você pode pegar um ônibus que sobe a montanha até a entrada da cidade.

Para entrar em Machu Picchu é preciso comprar um ingresso vendido em Cusco ou em Águas Calientes pela secretaria de turismo. Quem tiver [muito] fôlego pode optar também pela trilha Inca, caminho que os Incas faziam para chegar à cidade. A trilha percorre 40 quilômetros em mata fechada, saindo de Ollantaytambo e chegando diretamente a Machu Picchu e tem duração de 4 dias e 3 noites de viagem à pé.

Próxima postagem, para finalizar: Linhas de Nazca e cemitério de Chauchilla.

Links interessantes:
http://www.discoverybrasil.com/guia_inca
http://pt.wikipedia.org/wiki/Machu_Picchu
http://www.machupicchu.com.br
http://www.historiadomundo.com.br/inca/religiao-inca
http://www.peru.com/preincas
http://www.isinet.com.br/culturaperuana/index.asp

terça-feira, 28 de julho de 2009

Peru - parte 1

Olá, crianças. Voltei de férias e vou aproveitar que viajei para um dos lugares mais fascinantes que já vi para falar desse país que tem uma cultura, ou culturas, fantástica. Estou falando do Peru, país que abrigou o império Inca entre os séculos XIII e XVI e hoje tem uma diversidade cultural absurda. Mas para isso não virar uma aula de história maçante, vou misturar um pouco da história com costumes locais e lugares que visitei. Como esse post ficou gigante, está dividido em partes.

Os viajantes, para registro, são eu e a Viviane, do bog http://vivi-japeta.blogspot.com. Ela também fez posts sobre a viagem, quem quiser ler mais, acesse lá. Passado o jabá, vamos hoje à primeira parte, seguindo o itinerário da nossa viagem, começando por Lima, a capital do Peru.

Não vou falar dos Incas agora, a cidade de Lima foi construída durante a ocupação espanhola, no final do império e quando os espanhóis já estavam dando um corre em todo mundo. Então deixo essa parte para a história de Cusco, que era a cidade central dos Incas.

Logo, ao desembarcar, já é possível notar um contraste social tão grande como no Brasil. A região central preserva prédios históricos e coloniais enquanto bairros como Miraflores e San Isidro ostentam uma arquitetura moderna e hotéis de luxo.

Mesmo no inverno, o clima não estava frio, mas é bom sempre levar uma jaqueta ou blusa na mochila, já haviam nos avisado que, como São Paulo, pode mudar de uma hora para outra. Mas por enquanto tudo certo e saímos pela manhã para andar sem rumo pela cidade. Como praticamente todas as cidades do Peru, Lima possui uma Plaza de armas, praça central e marco zero da cidade, fundada em 1535 por Francisco Pizarro, durante a ocupação espanhola que durou até o início do século XIX. Na Plaza de armas situam-se o palácio do governo, a catedral de Lima, o palácio do arcebispo, palácio municipal e o palácio da união.

Lima foi um centro comercial para os espanhóis e rota de comércio que ligava as cidades portuárias do pacífico. Por ser uma cidade litorânea, era alvo de ataques piratas constantemente, o que forçou os espanhóis a construírem um enorme muro ao seu redor, protegendo a praia. Hoje existem algumas ruínas desses muros que estão preservadas e cercadas por prédios e avenidas, mas é possível visitar algumas áreas protegidas. O porto original foi destruído junto com muito da arquitetura local em um terremoto no século XVII. O porto foi reconstruído, mas com um estilo totalmente novo.

Também pelo centro histórico passamos pelo Convento de São Francisco, que existe desde o século XVIII. O convento foi, durante muito tempo, lugar aonde os padres e pessoas de maior poder econômico sepultavam os mortos nas suas catacumbas numa época que a cidade ainda não possuía um cemitério. Há histórias que contam que estas catacumbas serviam como caminhos subterrâneos que ligavam o monastério à Catedral de Lima e outras igrejas. Interessante é ver que elas foram construídas também como abrigo em caso de terremotos, já que sua estrutura absorve a força do tremor de terra, não deixando a estrutura (e o convento em cima) desabar. Hoje estão abertas à visitação, a entrada custa 5 nuevos soles e o horário de visitação é das 7h às 11h e depois das 16h às 20h.

Miraflores, ao contrario do centro, é a parte contemporânea da cidade, com grandes hotéis, lojas e uma vista espetacular para o oceano pacífico. Quem quiser, pode voar de paraglider, saindo dos penhascos e sobrevoando o litoral. Não consegui porque já estava anoitecendo, mas para quem curte, é uma boa. O bairro também possui vários shoppings – incluindo o famoso Larcomar, um shopping aberto com vista para o pacífico. Quem gosta de um lugar bonito para fazer compras, é o lugar certo, mas o preço é inflacionado. Melhor mesmo é comprar nas feirinhas que ficam espalhadas pela cidade, onde é possível pechinchar.

Esse, aliás, é um costume em todos os lugares no Peru. Como poucas coisas possuem preços tabelados, ninguém nunca paga o preço inicial dos vendedores, que é feito para turistas. As vezes a negociação pode cair para menos da metade. Isso inclui táxis; como nenhum tem taxímetro, é preciso combinar o preço antes de entrar no carro (o primeiro valor que recebi para uma corrida era de 16 soles e o valor final ficou acordado em 8). A essa hora já estava começando a escurecer e lembram que o clima podia mudar rápido? Pois mudou. Então fique prevenido.

Uma dica importante para quem gosta de café. Misture água quente antes de tomar, o café deles vem super concentrado e mesmo assim não tem um gosto muito bom. Misturar com leite é uma boa.

Primeira parte da viagem é essa. A seguir, Cusco , o Vale Sagrado dos Incas, linhas de Nazca, lago Titicaca e Machu Picchu!

Para quem quiser saber mais, alguns links interessantes de Lima:

http://www.museocatacumbas.com/
http://www.arzobispadodelima.org/iglesias/catedral/index.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Plaza_Mayor,_Lima
http://www.larcomar.com/

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O valor do amanhã

Já pensaram no significado da dieta? Por que alguém pensaria em fazer um regime? Pense bem, você tem ao seu alcance todas as guloseimas capazes de satisfazer os caprichos de seu paladar. E o que você faz? Você se priva disso!
Sem dúvida existe um motivo. Agora a pergunta, quais são as razões que fariam você abdicar de uma coisa prazerosa no presente?
Conseguir alguma coisa mais interessante no futuro? Talvez. Então se você está pensando em ter um corpo esbelto ou simplesmente está preocupado com a sua saúde no decorrer dos anos, a atitude mais coerente seria controlar a sua alimentação.

É claro que eu peguei um exemplo bem simples, mas é por esse caminho que o livro O valor do amanhã de Eduardo Giannetti, tenta explicar o que são juros.
Definindo juros como uma troca intertemporal, o autor nos apresenta as seguintes linhas de pensamento para guiar o que será explanado depois: "Pagar hoje e viver amanhã" ou "viver hoje e pagar amanhã". Tudo tem um preço e cabe a cada indivíduo escolher o que é melhor.

Uma coisa que eu achei bastante interessante do livro, é que ele nao se limita a fazer o discurso de "se quer viver bem no futuro, precisa guardar X% de seus vencimentos e será um milionário". Indicando outras possibilidades, ele diz que também é legítimo escolher a opção do viver agora e pagar depois. Tudo isso depende da natureza da sociedade em que o indivíduo está inserido, mas que esta liberdade de escolha não tem valor se as pessoas não forem capacitadas a exerce-la. E esse ponto é um ponto importante. Não damos a atençao devida a educação e isso faz com que a maior parte das pessoas fique despreparada para lidar com as escolhas.

É fácil notar que o assunto finanças pessoais, economia ou qualquer coisa do gênero está longe de ser uma especialidade minha (apesar do meu recente interesse no tema).
E como leiga, eu posso dizer que este livro é interessante não apenas para aqueles que pretendem entender melhor a natureza dos juros. Essa leitura é relevante para todas as pessoas que negociam com o tempo. Enfim, todos nós.
Bom... Acho que é isso.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

.apenas o fim.


Um filme de nerds para nerds. Foi o que eu ouvi no nerdcast. Confesso que isso me deixou curiosa o bastante para querer assistir.
Depois soube que o filme foi feito na raça por um estudante de cinema e com os equipamentos da faculdade. Tudo isso porque ele precisava fazer o filme e o equipamento não poderia sair da faculdade. E o mais glamouroso de tudo. Ainda recebeu premiações.

Bem, então eu fui assistir, num destes cinemas de gente de calça xadrez.
Devo dizer que saí surpresa. O filme foi ainda melhor do que eu esperava. O filme trata de um fim de relacionamento. Na verdade, não apenas do fim. Ele mostra os diversos pedacinhos que constroem um relacionamento.

Logo na primeira cena, o diretor, Matheus Souza, já diz com imagens qual vai ser o clima do filme. A cena em que eles começam a conversar no inicio do filme, com aquelas sombras bem marcadas, dão um tom de quadrinhos. Tudo muito bem desenhado.
Apenas o fim é um filme brasileiro, bem diferente dos que estamos acostumados a ver. É um daqueles filmes em que não acontece nada. Não retrata nenhum sortilégio no sertão nem é uma comédia global (deixando bem claro que não tenho nada contra esses gêneros). Mas isso não faz com que ele deixe de mostrar algumas coisas bem verde-amarelas. Como a parte em que ele fala do Pão de Açúcar, Itabuna ou dos sites nerds.

Você sai do filme pensando em fazer coisas legais. Posso dizer que é um filme bem inspirador.
Bom. Acho que é isso. Recomendo!

Para quem ainda tem dúvidas, o trailer.


PS: Vale a pena esperar até o fim dos créditos. ;)


domingo, 24 de maio de 2009

Audaciosamente indo aonde... muitos já estiveram.

Há muito tempo que não assistia a um filme de ficção científica e fico feliz em dizer que Star Trek quebrou esse jejum como quem vai a uma churrascaria depois de meses de dieta.

O pessoal da academia de cinema geralmente não entrega prêmios para filmes desse tipo, os que levam as estatuazinhas são filmes com maior dramaticidade, argumento com o qual concordava bastante até sair daquela sala de cinema. Voltei pensando que emoção depende do público que está assistindo ao filme e, assim, Star Trek deveria levar vários prêmios, pois ouvir "Eu fui e sempre serei seu amigo" mais uma vez foi como jogar uma bomba de nostalgia em qualquer fã. Justamente as duas cenas que mais me cativaram não foram cenas de ação, mas dois diálogos breves que têm uma carga emocional bastante grande, entre [spoiler] o Spock do futuro e o jovem Kirk e outra entre o Spock do futuro com ele mesmo. Podem parecer cenas até bobas que, para quem não acompanhou os outros filmes, passa batido. Mas J.J. Abrams soube pegar nos pontos certos de quem assistia a série.

No geral, o que mais me chamou a atenção foram os detalhes. A caracaterização dos personagens foi muito bem feita, é possível acreditar que aqueles personagens que estão na tela são os mesmos personagens que mais tarde estariam na série clássica (deu pra entender?). E como detalhes fazem a diferença, notem que todos os visuais - penteado, roupas - lembram de leve os anos 60, já é uma forma de fazer esse link com o seriado. Mérito também dos atores, que não só tiveram que estudar os personagens antigos, como construir uma versão mais jovem deles. O Spock do filme não é ainda o Spock de Leonard Nimoy, ele ainda estava se formando. Essa criação dos personagens foi muito bem feita. Mais um ponto.

Mas não é só de nostalgia que o filme é feito, o diretor consegue levar o filme inteiro sem apelar para esse lado. Sim, claro que realmente é emocionante ver novamente esses personagens na tela, mas o espectador não se sente vendo algo repetido, e sim uma história nova com os mesmos protagonistas.

Para quem ainda não entendeu, a história se passa, cronologicamente, antes da série dos anos 60, quando os tripulantes da U.S.S Enterprise são ainda cadetes e em suas primeiras missões. É a formação da equipe. Uma grande sacada dos escritores Roberto Orci e Alex Kurtzman e do diretor J.J. Abrams foi começar de novo, isso dá abertura para uma nova franquia de filmes sem comprometer o que já está escrito. Mas Star Trek não é um "begins" como foi Batman, onde todos os outros filmes foram esquecidos, na verdade eles apenas não aconteceram ainda, é uma nova realidade num novo tempo.

Para quem nunca assistiu nada e nem sabe o que significa "Audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve", é uma boa maneira de conhecer. E dessa vez com efeitos especiais de verdade. Vida longa e próspera!

sábado, 21 de março de 2009

The Times They Are A-Changin'

Quem quer fazer arte hoje só precisa de um pouco de boa vontade. Trinta anos atrás, quem quisesse ter uma banda e TENTAR chegar ao sucesso tinha que gravar uma demo, correr atrás das gravadoras e achar uma que aceditasse que aquela banda seria um boa fonte de lucro... até ser substituído pelo próximo grande hit da semana.

Hoje tem internet aí para qualquer um colocar sua música, sua arte na rede e deixar para quem quiser ouvir. Não quero parecer um militante comunista e não saio na rua com a camisa do Che Guevara, mas a verdade é essa: hoje, quem quer fazer música não precisa ir atrás de gravadoras ou de rádios, simplesmente posta no myspace, no last.fm, nos blogs.. a divulgação fica livre e quem vai decidir se a sua música é boa ou não, é o público. E cada um terá o seu.

Não é que as gravadoras e distribuidoras têm que deixar de existir! Mas está na hora de se atualizarem e perceberem que a internet não é uma terra-de-ninguém habitada por piratas que só pensam em distribuir conteúdo ilegal e começarem a usar ela a seu favor. Venda de CDs não é o único caminho. O Google por acaso cobra pelo Gmail, Orkut, Blogspot, Maps,Talk...? A lista é muito maior, o número de serviços que ele oferece é cada vez maior e nada é cobrado.

A briga entre os defensores dos direitos autorais e a troca de produtos culturais de forma livre (ou ilegal) já dura anos, mas se os próprios artistas disponibilizarem seu trabalho online, não há mais motivo para essa discussão. Acredito mesmo que o conteúdo cultural deveria ser de livre distribuição, mas isso deve partir dos próprios artistas. O que deve ser cobrado é a exclusividade.

Olha só que legal, há pouco tempo, a banda Excambau! – cujo vocalista é meu amigo e não estou cobrando pelo jabá – gravou um novo CD e o que os caras fizeram? Disponibilizaram todas as músicas no site da banda para quem quiser baixar. Quem quer ter o CD bonitinho com encarte, compra; aí está a exclusividade, de ter algo em mãos. Mas quem quer o CONTEÚDO musical, está disponível gratuitamente no site. Como os caras sobrevivem? Fazendo o que eles deveriam fazer... shows, ora bolas.

A banda tem 300 pessoas na comunidade do orkut, e 10.000 exibições de página no myspace, isso deve valer alguma coisa. E ainda assim só usando a internet para divulgação. Vou ser sincero, o estilo musical deles não é o meu preferido, mas os caras merecem o reconhecimento que têm. Por isso que eu digo, quem quer, só precisa fazer. O seu público está aí fora, é só gritar para alguém ouvir. E é o que eles fazem. Produzem a música que gostam e com vontade e estão dando certo, não tem segredo.

Além do site da banda (www.excambau.com.br), eles criaram a Ação Caixa Preta. Quem quiser entrar, o endereço é http://www.acaocaixapreta.blogspot.com/ É um tapa na cara, mas um tapa bem dado... e que todo mundo deveria levar. Fica aí a dica!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Nascidos em Bordéis


E ainda dizem que um pouco de boa vontade e determinação não adianta.

A fotógrafa americana Zana Briski viajou para a Índia, inicialmente, para fotografar a vida das mulheres que vivem no distrito da Luz Vermelha, em Calcutá, conhecida pelo grande número de bordéis.

Sua surpresa foi a de, uma vez naquele lugar, criar laços de amizade com as crianças, filhas das mulheres que trabalham e moram nos bordéis e o foco de seu trabalho tomou outro rumo. Não por motivos profissionais, o documentário mostra claramente que as motivações da fotógrafa Zana não são apenas terminar seu filme e voltar para sua casa quentinha e confortável nos States, mas de mostrar, através da fotografia, uma nova realidade para essas crianças que viveram - e provavelmente continuariam vivendo - suas vidas inteiras naquele gueto, sem muita esperaça de um futuro diferente.

Às crianças do Distrito da Luz Vemelha foram dadas câmeras com as quais elas poderiam fotografar o que bem entenderem. E durante o tempo que Zana permaneceu naquele lugar, os ensinou os princípios da fotografia. Coisas básicas como enquadramento, situação, planos... que pode não parecer, mas é capaz de mudar o olhar de uma pessoa em vários sentidos.

É incrível ver as histórias por trás de cada fotografia, cada enquadramento e clique das crianças. E quem diz que a National Geographic tem os melhores fotógrafos do mundo, deveria olhar o site http://kids-with-cameras.org e ver algumas maravilhas tiradas pelos fotógrafos mirins. Com uma exposição nos States e na Europa e um livro publicado com suas fotos, dá pra perceber que eles não são fracos. Não vou entrar na história de nenhuma das crianças em particular, vou deixar que assistam sintam-se ligados a essas crianças por vocês mesmo e acredite, não é difícil de acontecer.

A grande fascinação do filme não é apenas mostrar uma parte da Índia que sai do estereótipo Ganges, bolinha na testa e "não como vacas", mas entrar à fundo na vida das pessoas que acreditam que a vida é aquela e não há como mudá-la - sendo possível, inclusive, citar vários exemplos de histórias assim aqui no Brasil também - e mais, isso é feito através da fotografia. Para mim esse é o grande ponto da arte, qualquer forma de arte, abrir os olhos das pessoas para algo que não era visto.

Claro que a turma do mimimi também chiou e veio falar que o filme só mostra um lado ruim da Índia, que devia valorizar mais a cultura deles, yada-yada-yada... Mas não liguem pra esses caras, o filme é ótimo, tem em DVD e vale muito a pena. O melhor é que, com tanta coisa sobre a Índia aparecendo na televisão, aqui você não vai ver o Lima Duarte nem o Tony Ramos.

Quem quiser saber mais sobre o filme e os resultados de todo o trabalho da fotógrafa Zana Briski e do diretor Ross Kauffman pode entrar no site http://www.kids-with-cameras.org/bornintobrothels e conferir não só as fotos das crianças de Calcutá, mas também suas repercussões em vários cantos do mundo.

Nascidos em Bordéis (Born Into Brothels: Calcutta's Red Light Kids)
Direção de: Zana Briski e Ross Kauffman
Ano de lançamento: 2004

Vai uma palhinha das fotos aí.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Chibata! João Cândido e a Revolta que abalou o Brasil


Dia 22 de novembro de 1910, estoura uma revolta liderada por João Cândido. Os marinheiros brasileiros já não aguentavam o grude que lhes era dado como comida, o soldo irrisorio e os castigos corporais usados como forma de punição pelas infrações cometidas. Já havia vinte dois anos que a escravidão terminara e no entanto o que se notava é que a Marinha brasileira havia reservado aos marujos, negros na sua maioria, um tratamento muito semelhante ao dos escravos.
Viajando e conhecendo tripulantes de esquadras de outros países, os marujos brasileiros começaram a perceber que este tipo de tratamento não era usual. Inspirados no caso do Encouraçado Potemkin, resolvem articular uma revolta reivindicando justiça e liberdade.

"Pelo fim da chibata
 Por condiçoes decentes
 Por uma marinha justa
 Por nossa liberdade"

Alguns fatos históricos são pouco estudados. Este assunto, por exemplo, dificilmente é encontrado nos livros didáticos. E quando aparece, geralmente como citação, não nos dá muitos detalhes sobre o evento. João Cândido, o Almirante Negro, é um destes herois esquecidos de nossa historia. Olinto Gadelha e Hemetérito constroem juntos um trabalho muito valoroso não só pelo aspecto gráfico e narrativo, mas também no que diz respeito a referencia didática.

Particularmente, gosto muito das partes em que o Hemeterito sobrepõe a cena narrada a cena do narrador. Dando um ar de cena de cinema a certos momentos da historia.
O quadrinho conta também com a participação de outras pessoas que foram essenciais para que estes acontecimentos não fossem esquecidos. A pesquisa do jornalista Edmar Morel  e as matérias feitas na década de 30 pelo Barão de Itararé no Jornal do Povo são incluídos no roteiro e também ganham destaque.

Chibata! João Cândido e a Revolta que abalou o Brasil é um quadrinho que merece, e deve, ser lido. Não é apenas uma obra com temática histórica. É a nossa história.
Conhecer a história é importante quando se pretende construir um futuro melhor para todos. Termino então, com a frase do personagem João Cândido. "É preciso nunca esquecer."


  

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um pouco de mistureba generalizada

"O mal verdadeiro, o único mal, são as convenções e as ficções sociais, que se sobrepõe às realidades naturais."

Bonito né? Fernando Pessoa. Esse cara sim está entre os dez mais amados dos flooders. Sete entre dez textos que recebo por e-mail, em correntes e powerpoints, têm sua assinatura no final. Quem se importa se desses sete textos, quatro não são dele, dois foram tirados do contexto original e um até que está direito, mas as cores e frufrus dos ppts não permitem que você passe do terceiro slide aonde ele está retalhado?

Essa, pelo menos, posso garantir que é dele, estava em um livro - culpem a editora se for mentira - e me fez pensar. Bom para mim, que queimo calorias sem precisar ir à academia, ruim pra vocês que vão ler um texto chato de artista como consequência. Se você gosta de Fernando Pessoa, desista. A frase aí em cima foi uma mera desculpra pra eu escrever minhas papagaiadas.

Somos divididos entre uma herança genética instintiva e comportamento social condicionado. E mesmo aos que têm um desprendimento social, a pergunta: Não fossem as convenções a que estamos acostumados, como seríamos? Se não houvesse a ética, a moral que aprendemos, se não houvesse um superego de vigia como nosso grande irmão, o que faríamos e como seríamos, sem pensar nas conseqüências das nossas ações e levar em consideração apenas as nossas vontades e desejos? Louco é quem obedece o ID, não?

Pra dar nó na cabeça dos incautos, nossos desejos também são convenções sociais. Ou parte deles. Disse há um tempo que não fossem as convenções e a moral, o homem não faria parte do grupo de animais monogâmicos, prova disso é o número de relacionamentos fracassados devido a traições. Herança genética. E joguem pedras aqueles que nunca pensaram pelo menos um segundo quando souberam dos países onde é permitido um homem ter várias esposas.

Para o infinito e além, então: Por que sentimos ciúmes das nossas namoradas? Ciúmes está ligado ao sentimento de posse e medo de perda. Convenções sociais. Mas opa, animais sentem ciúmes também... ou não?

Voltando à frase inicial, sendo o bem e o mal, classificações criadas pelo homem, podemos definir algo como mal se eliminarmos as convenções? Então como as convenções podem ser o mal verdadeiro sendo que o mal é baseado numa convenção?

Eliminando tudo o que aprendemos e seguimos, realmente espero que a realidade natural do homem não seja um mico brigando por carniça e jogando um osso ao céu ao som de Strauss.